Nesta parte de nosso Blog de Terapia Ocupacional e Inclusão Social, postaremos alguns tópicos importantes para reflexão da temática da Deficiência Intelectual e outras alterações no desenvolvimento.
Não é intensão criar um guia de recursos ou receitas de como se faz o trabalho voltado a esta população, porém é objetivo refletir sobre o tema. Ter referenciais que nos façam melhorar e ampliar a prática.
Há um incômodo antigo, em que às vezes nos deparamos com profissionais que realmente não sabem o que fazer quando se trata de pessoas com deficiência intelectual, principalmente porque foge de uma formação ligada a àrea física, ao campo da saúde mental... enfim, aqui o intuito e compreender o que é a deficiência intelectual, o que são as alterações no desenvolvimento e principalmente oferecer um espaço de reflexão para que ações em Terapia Ocupacional e outros profissionais possam melhorar sua prática quando estiverem junto a pessoas que apresentem condições diferenciadas de processar seu pensamento, de realizar atividades e de estar em grupos sociais diversos.
Contaremos com a participação de profissionais, e caso tenham sugestões, entrem em contato conosco. Vamos estreitar esta conversa, os estudos e nossa prática!
Boas inspirações a todos!
Abraços
Barbara Cristina Mello
Celina Camargo Bartalotti
toeinclusao@gmail.com
24/05/2016
...................................................................................................................................................................
São Paulo, 30 de julho de 2009
A INCLUSÃO SOCIAL DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA:
REFLETINDO SOBRE O “SER CRIANÇA” NA CONDIÇÃO DA DEFICIÊNCIA
Por Celina Camargo Bartalotti
A análise do “ser criança” na condição de deficiência envolve compreender dois aspectos: a concepção de criança e a concepção de deficiência. Vivemos em uma sociedade que vê a criança como um “vir-a-ser”, como um indivíduo em formação que se prepara para ser algo que ainda não é. O presente da criança, então, mostra-se como possibilidade, como uma base para o que ela será no futuro. E quando pensamos na criança com deficiência? Como se dá o olhar sobre essa criança que foge ao padrão esperado, ao desejado; uma criança que contraria, em primeira instância, o sonho, em uma sociedade marcada pela busca de uma perfeição, tantas vezes inatingível?
Essas são as questões que nortearam o arquivo que disponibilizamos aqui, apresentado no IV Congresso Brasileiro de Reabilitação, em junho de 2009.
..................................................................................................................................................................
São Paulo, 27 de março de 2009
...................................................................................................................................................................
São Paulo, 30 de julho de 2009
A INCLUSÃO SOCIAL DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA:
REFLETINDO SOBRE O “SER CRIANÇA” NA CONDIÇÃO DA DEFICIÊNCIA
Por Celina Camargo Bartalotti
A análise do “ser criança” na condição de deficiência envolve compreender dois aspectos: a concepção de criança e a concepção de deficiência. Vivemos em uma sociedade que vê a criança como um “vir-a-ser”, como um indivíduo em formação que se prepara para ser algo que ainda não é. O presente da criança, então, mostra-se como possibilidade, como uma base para o que ela será no futuro. E quando pensamos na criança com deficiência? Como se dá o olhar sobre essa criança que foge ao padrão esperado, ao desejado; uma criança que contraria, em primeira instância, o sonho, em uma sociedade marcada pela busca de uma perfeição, tantas vezes inatingível?
Essas são as questões que nortearam o arquivo que disponibilizamos aqui, apresentado no IV Congresso Brasileiro de Reabilitação, em junho de 2009.
..................................................................................................................................................................
São Paulo, 27 de março de 2009
A deficiência intelectual no imaginário social:
termos, imagens, conceitos, definições e classificações.
Autor: Prof. Dr. Waldir Carlos Santana dos Santos
Contato: waldirsantana@uol.com.br
Texto publicado pelo autor em abril/2002:
http://walsantanapsicologia.weblogger.com.br/weblog_20020428.htm
termos, imagens, conceitos, definições e classificações.
Autor: Prof. Dr. Waldir Carlos Santana dos Santos
Contato: waldirsantana@uol.com.br
Texto publicado pelo autor em abril/2002:
http://walsantanapsicologia.weblogger.com.br/weblog_20020428.htm
Revisado e adequado à terminologia, com consentimento do autor em março/2009, e publicado no Blog Terapia Ocupacional e Inclusão Social: www.toeinclusao.blogspot.com
Demais locais que também publicaram o mesmo texto:CAMTO – Centro Acadêmico de Terapia Ocupacional da São Camilo – SP:http://camto.br.tripod.com/trabalhos/dmimaginario.html
Universo Autista:
http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/sections/index.php?op=viewarticle&artid=165
PRO-FALA: http://www.profala.com/artto7.htm
Historicamente, as deficiências - à exemplo de outros fenômenos que suscitam fortes emoções - têm gerado as mais variadas noções, concepções, visões, metáforas, imagens, conotações...
Os termos utilizados para designar as pessoas com deficiências, além de apresentarem, de modo geral, um significado negativo, não correspondem, necessariamente, às reais condições dessas pessoas. São denominações que dão a idéia de perpetuidade, não dando espaço para a esperança quanto à modificação das condições do indivíduo. Trata-se de substituir a pessoa por sua circunstância.
Existem termos inconvenientes por causa das conotações adquiridas em seu uso. Por exemplo: idiota, imbecil, tolo etc.
Uma das áreas mais férteis para a difusão de imagens negativas da deficiência é a arte. Freqüentemente, os maus dos contos infantis, das novelas, dos filmes e dos desenhos animados são sujeitos com algum tipo de deficiência. Esta tendência possibilita interpretações as mais variadas. Uma interpretação imediata é aquela que relaciona a deficiência à frustração, e esta à agressividade ou à maldade. Em um nível mais profundo, numa interpretação mais analítica, a classificação pode ser vista como uma tentativa de se afastar o risco da deficiência situando-a naqueles indivíduos considerados estranhos ao padrão de normalidade instituído, no qual pensamos nos situar.
A atribuição de um significado negativo às situações de deficiência se dá muito explicitamente quando empregamos suas denominações para insultar ou repreender. Neste uso aparece clara a função agressiva ou repressiva. Ao insultar ou repreender associando um indivíduo ou conduta a uma deficiência, estamos exorcizando-a, tentando afastá-la.
Os meios de comunicação social estão repletos de apreciações comiserativas gratuitas. Neste caso específico, as próprias instituições prestadoras de serviços especializados muito têm contribuído; basta recordarmos as várias campanhas veiculadas na televisão, onde, invariavelmente, o sujeito com deficiência é apresentado em seus aspectos mais limitantes, como estratégia para sensibilizar o telespectador a prestar sua contribuição financeira, para a manutenção dos serviços especializados que lhe são prestados. Na maior parte dos casos a compaixão tem como pressuposto a infelicidade do sujeito com deficiência, uma vez que o situa numa posição inferior: a dos protegidos ou protegíveis. A este propósito, nossos textos constitucionais não fogem a esta regra; um exame superficial das nossas constituições federal, estadual e municipal (São Paulo), é suficiente para a confirmação desse fato.
A piedade e a misericórdia geram exclusão da condição humana plena. Da mesma forma, a exaltação de certas aquisições ou conquistas desses indivíduos - como pintar um quadro, alfabetizar-se, fazer "ponta" numa telenovela - cumpre a mesma função.1
Penso ser inconveniente a apresentação da deficiência privilegiando o fato em si, desconsiderando-se sua prevenção, assim como os atendimentos mais adequados e a possível inclusão desses sujeitos. A ciência e a técnica estão logrando diminuir a ocorrência de nascimentos de pessoas com deficiência intelectual, assim como têm possibilitado a leitura de textos convencionais aos cegos e permitido que pessoas com deficiências físicas dirijam automóveis... Questiono, entretanto, até que ponto esses avanços não representam, pura e simplesmente, a manifestação sutil de uma tradicional consciência fatalista, que se baseia no também tradicional binômio resignação/subsídios.
Ao comentar sobre os cartazes publicitários sobre a deficiência intelectual que, invariavelmente, trazem a figura de um sujeito com Síndrome de Down, preferencialmente sorrindo, Demétrio Casado (1991, p.45), afirma que “...as versões doces das situações de deficiência servem para aliviar o temor e o rechaço que a mesma inspira, sendo, portanto, ...uma forma de nos protegermos de nossa própria angústia ante o risco do que percebermos como um mal. Também estamos propiciando a aceitação dos sujeitos da deficiência por parte de uma sociedade com uma tradicional disposição restritiva.”
Em meu cotidiano profissional é comum ouvir relatos de familiares que atribuem às pessoas com deficiência intelectual a característica de infantilidade. Tenho observado, nas mais diversas situações, que essa "imagem infantilizada" costuma vir acompanhada de reações (e ações) que restringem, sobremaneira, as possibilidades de melhor desenvolvimento desses indivíduos. No caso de pais e familiares a conseqüência desta representação é a menor oferta de oportunidades para a aquisição de autonomia, seja pela maior tendência de isolá-los em casa ou instituição especializada, seja pelo baixo nível de atenção dispensada (quantitativa e qualitativamente falando). Nestes casos, percebo muitas dificuldades dos familiares em deixarem de comparar seus filhos que têm deficiência intelectual com outras crianças ou adolescentes (da mesma faixa etária) tidos como normais. Esta constante comparação se configura, ao meu entender, como resistência em aceitá-los em sua condição diferenciada.
Quando em seu artigo 203, inciso V, nossa Constituição Federal garante “...um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei”, não estará entendendo a deficiência enquanto um fator tão limitante que precisa ser recompensado com dinheiro? Ou estará assumindo sua parcela de culpa? Existem culpados?
O importante é notar que - apesar da aparente justiça social - este artigo contribui para a reiteração da imagem ligada à impossibilidade, à incapacidade, pois desqualifica qualquer idéia de incluir esse indivíduo à sociedade através do trabalho ou participação. É óbvio que isso não está explícito, mas pode suscitar interpretações como esta e a formação de imagens deterioradas em relação aos cidadãos que têm deficiência, principalmente intelectual.
Em função dessas imagens estereotipadas todos os conceitos utilizados para classificar pessoas com deficiência intelectual acabaram sempre assumindo uma conotação pejorativa. Basta mencionarmos alguns deles para confirmarmos esta afirmação: idiota, imbecil, tolo, retardado, demente...
Em que pese as evidências em contrário, em nossa sociedade associa-se a deficiência à irrecuperalidade, à incapacidade para o estudo, à incapacidade para o trabalho e a muitas outras incapacidades. Em virtude disso, nossos cidadãos costumam responder aceitavelmente aos sucessivos estímulos mendicantes das pessoas em tal condição ou de seus representantes "protetores". Paralelamente, nossas autoridades persistem em sua política de preferência aos subsídios em detrimento da reabilitação e de medidas que possam assegurar (ou ao menos contribuir para) a eliminação das barreiras físicas e sociais.
1. SANTOS, Waldir Carlos Santana dos. O Difícil Processo de Ressignificação da Deficiência Mental: Os Profissionais Falam de Sua Prática. Dissertação de Mestrado. PUC/SP, 1995.
.................................................................................................................................................................
São Paulo, 02 de setembro de 2008
Demais locais que também publicaram o mesmo texto:CAMTO – Centro Acadêmico de Terapia Ocupacional da São Camilo – SP:http://camto.br.tripod.com/trabalhos/dmimaginario.html
Universo Autista:
http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/sections/index.php?op=viewarticle&artid=165
PRO-FALA: http://www.profala.com/artto7.htm
Historicamente, as deficiências - à exemplo de outros fenômenos que suscitam fortes emoções - têm gerado as mais variadas noções, concepções, visões, metáforas, imagens, conotações...
Os termos utilizados para designar as pessoas com deficiências, além de apresentarem, de modo geral, um significado negativo, não correspondem, necessariamente, às reais condições dessas pessoas. São denominações que dão a idéia de perpetuidade, não dando espaço para a esperança quanto à modificação das condições do indivíduo. Trata-se de substituir a pessoa por sua circunstância.
Existem termos inconvenientes por causa das conotações adquiridas em seu uso. Por exemplo: idiota, imbecil, tolo etc.
Uma das áreas mais férteis para a difusão de imagens negativas da deficiência é a arte. Freqüentemente, os maus dos contos infantis, das novelas, dos filmes e dos desenhos animados são sujeitos com algum tipo de deficiência. Esta tendência possibilita interpretações as mais variadas. Uma interpretação imediata é aquela que relaciona a deficiência à frustração, e esta à agressividade ou à maldade. Em um nível mais profundo, numa interpretação mais analítica, a classificação pode ser vista como uma tentativa de se afastar o risco da deficiência situando-a naqueles indivíduos considerados estranhos ao padrão de normalidade instituído, no qual pensamos nos situar.
A atribuição de um significado negativo às situações de deficiência se dá muito explicitamente quando empregamos suas denominações para insultar ou repreender. Neste uso aparece clara a função agressiva ou repressiva. Ao insultar ou repreender associando um indivíduo ou conduta a uma deficiência, estamos exorcizando-a, tentando afastá-la.
Os meios de comunicação social estão repletos de apreciações comiserativas gratuitas. Neste caso específico, as próprias instituições prestadoras de serviços especializados muito têm contribuído; basta recordarmos as várias campanhas veiculadas na televisão, onde, invariavelmente, o sujeito com deficiência é apresentado em seus aspectos mais limitantes, como estratégia para sensibilizar o telespectador a prestar sua contribuição financeira, para a manutenção dos serviços especializados que lhe são prestados. Na maior parte dos casos a compaixão tem como pressuposto a infelicidade do sujeito com deficiência, uma vez que o situa numa posição inferior: a dos protegidos ou protegíveis. A este propósito, nossos textos constitucionais não fogem a esta regra; um exame superficial das nossas constituições federal, estadual e municipal (São Paulo), é suficiente para a confirmação desse fato.
A piedade e a misericórdia geram exclusão da condição humana plena. Da mesma forma, a exaltação de certas aquisições ou conquistas desses indivíduos - como pintar um quadro, alfabetizar-se, fazer "ponta" numa telenovela - cumpre a mesma função.1
Penso ser inconveniente a apresentação da deficiência privilegiando o fato em si, desconsiderando-se sua prevenção, assim como os atendimentos mais adequados e a possível inclusão desses sujeitos. A ciência e a técnica estão logrando diminuir a ocorrência de nascimentos de pessoas com deficiência intelectual, assim como têm possibilitado a leitura de textos convencionais aos cegos e permitido que pessoas com deficiências físicas dirijam automóveis... Questiono, entretanto, até que ponto esses avanços não representam, pura e simplesmente, a manifestação sutil de uma tradicional consciência fatalista, que se baseia no também tradicional binômio resignação/subsídios.
Ao comentar sobre os cartazes publicitários sobre a deficiência intelectual que, invariavelmente, trazem a figura de um sujeito com Síndrome de Down, preferencialmente sorrindo, Demétrio Casado (1991, p.45), afirma que “...as versões doces das situações de deficiência servem para aliviar o temor e o rechaço que a mesma inspira, sendo, portanto, ...uma forma de nos protegermos de nossa própria angústia ante o risco do que percebermos como um mal. Também estamos propiciando a aceitação dos sujeitos da deficiência por parte de uma sociedade com uma tradicional disposição restritiva.”
Em meu cotidiano profissional é comum ouvir relatos de familiares que atribuem às pessoas com deficiência intelectual a característica de infantilidade. Tenho observado, nas mais diversas situações, que essa "imagem infantilizada" costuma vir acompanhada de reações (e ações) que restringem, sobremaneira, as possibilidades de melhor desenvolvimento desses indivíduos. No caso de pais e familiares a conseqüência desta representação é a menor oferta de oportunidades para a aquisição de autonomia, seja pela maior tendência de isolá-los em casa ou instituição especializada, seja pelo baixo nível de atenção dispensada (quantitativa e qualitativamente falando). Nestes casos, percebo muitas dificuldades dos familiares em deixarem de comparar seus filhos que têm deficiência intelectual com outras crianças ou adolescentes (da mesma faixa etária) tidos como normais. Esta constante comparação se configura, ao meu entender, como resistência em aceitá-los em sua condição diferenciada.
Quando em seu artigo 203, inciso V, nossa Constituição Federal garante “...um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei”, não estará entendendo a deficiência enquanto um fator tão limitante que precisa ser recompensado com dinheiro? Ou estará assumindo sua parcela de culpa? Existem culpados?
O importante é notar que - apesar da aparente justiça social - este artigo contribui para a reiteração da imagem ligada à impossibilidade, à incapacidade, pois desqualifica qualquer idéia de incluir esse indivíduo à sociedade através do trabalho ou participação. É óbvio que isso não está explícito, mas pode suscitar interpretações como esta e a formação de imagens deterioradas em relação aos cidadãos que têm deficiência, principalmente intelectual.
Em função dessas imagens estereotipadas todos os conceitos utilizados para classificar pessoas com deficiência intelectual acabaram sempre assumindo uma conotação pejorativa. Basta mencionarmos alguns deles para confirmarmos esta afirmação: idiota, imbecil, tolo, retardado, demente...
Em que pese as evidências em contrário, em nossa sociedade associa-se a deficiência à irrecuperalidade, à incapacidade para o estudo, à incapacidade para o trabalho e a muitas outras incapacidades. Em virtude disso, nossos cidadãos costumam responder aceitavelmente aos sucessivos estímulos mendicantes das pessoas em tal condição ou de seus representantes "protetores". Paralelamente, nossas autoridades persistem em sua política de preferência aos subsídios em detrimento da reabilitação e de medidas que possam assegurar (ou ao menos contribuir para) a eliminação das barreiras físicas e sociais.
1. SANTOS, Waldir Carlos Santana dos. O Difícil Processo de Ressignificação da Deficiência Mental: Os Profissionais Falam de Sua Prática. Dissertação de Mestrado. PUC/SP, 1995.
.................................................................................................................................................................
São Paulo, 02 de setembro de 2008
APROXIMANDO-SE DA DEFICIÊNCIA: uma relação possível
Quando pessoas que nunca pararam para pensar em que momentos se aproximam, e como se aproximam de outras pessoas, muitas vezes deixam de refletir e experimentar ou vivenciar o acontecido. As redes e atravessamentos que acontecem neste ato são incríveis e inimagináveis, mas, muitas destas pessoas, acabam por se perguntar isso somente quando se deparam com situações inusitadas.
Observei muitas situações durante esta semana e percebi que parte dos encontros entre pessoas com e sem deficiência, quando acontecem, se tornam inusitados, por isso o atravessamento é claro, a lembrança é nítida e a aproximação pura e simplesmente pode desembocar por duas vertentes: a primeira é recheada pelo sentimento da pena, da dó pela condição do outro... com esta eu não concordo; e a outra, uma aproximação de curiosidade que acontece como qualquer outra, afim de desvelar o que há por traz da deficiência.
Então gostaria que me respondessem e se respondessem, mas antes que refletissem:
O QUE HÁ POR TRÁS DA DEFICIÊNCIA?
Nesta hora, devem estar se perguntando ou buscando respostas. Meu intuito não é oferecê-las, mas fazer com que todos parem para pensar um pouco mais sobre esta possível aproximação. E que outros temas possam invadi-los e se desdobrarem em milhares de possibilidades.
O trabalho com a pessoa com deficiência é um trabalho de oportunidades: de escolha, de apropriações, de desejos, de desafios, e tantos outros que sejam importantes à necessidade daquele instante. Já dizia Reinaldo José Gomes da Silva, quando fala do papel do terapeuta e do educador que trabalha com crianças, principalmente daquelas que tem deficiência, que estas pessoas são responsáveis pelo desenvolvimento de uma relação dialética, ou seja, “uma relação que possa permitir o exercício e a integração de curiosidade, paciência e atenção tanto da parte do adulto quanto da criança em um processo de conhecimento de si e do outro”.
Com esta mesma relação dialética estabelecida, é possível, segundo o mesmo autor, o exercício da curiosidade, da busca e da descoberta do mundo e de pessoas (inclui-se aqui as relações sociais), da manifestação de vontades, da descoberta de limites (de si e do outro), de seu reconhecimento e do respeito às próprias necessidades e desejos.
A partir destas palavras, o que agora podemos fazer? Quais são os pensamentos que nos permeiam?
Independente de sermos profissionais – terapeutas, acompanhantes, educadores – ou pais, precisamos viver, e saber o que é possível a cada um de nós. Uns vão mais longe com esta história, e outros param por aqui. Cada um faz suas escolhas, cada um, espero eu, que saiba de seus limites, e que a partir daqui, faça o justo e o necessário a cada cena que se aproxima e se constrói a partir da vivência e da experiência de si e do outro.
Barbara Cristina MelloTerapeuta Ocupacional
Referência bibliográfica:SILVA, Reinaldo José Gomes da. O deficiente mental, esse ser desejante. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo. São Paulo: vol.1, nº1, agosto/1990.
Observei muitas situações durante esta semana e percebi que parte dos encontros entre pessoas com e sem deficiência, quando acontecem, se tornam inusitados, por isso o atravessamento é claro, a lembrança é nítida e a aproximação pura e simplesmente pode desembocar por duas vertentes: a primeira é recheada pelo sentimento da pena, da dó pela condição do outro... com esta eu não concordo; e a outra, uma aproximação de curiosidade que acontece como qualquer outra, afim de desvelar o que há por traz da deficiência.
Então gostaria que me respondessem e se respondessem, mas antes que refletissem:
O QUE HÁ POR TRÁS DA DEFICIÊNCIA?
Nesta hora, devem estar se perguntando ou buscando respostas. Meu intuito não é oferecê-las, mas fazer com que todos parem para pensar um pouco mais sobre esta possível aproximação. E que outros temas possam invadi-los e se desdobrarem em milhares de possibilidades.
O trabalho com a pessoa com deficiência é um trabalho de oportunidades: de escolha, de apropriações, de desejos, de desafios, e tantos outros que sejam importantes à necessidade daquele instante. Já dizia Reinaldo José Gomes da Silva, quando fala do papel do terapeuta e do educador que trabalha com crianças, principalmente daquelas que tem deficiência, que estas pessoas são responsáveis pelo desenvolvimento de uma relação dialética, ou seja, “uma relação que possa permitir o exercício e a integração de curiosidade, paciência e atenção tanto da parte do adulto quanto da criança em um processo de conhecimento de si e do outro”.
Com esta mesma relação dialética estabelecida, é possível, segundo o mesmo autor, o exercício da curiosidade, da busca e da descoberta do mundo e de pessoas (inclui-se aqui as relações sociais), da manifestação de vontades, da descoberta de limites (de si e do outro), de seu reconhecimento e do respeito às próprias necessidades e desejos.
A partir destas palavras, o que agora podemos fazer? Quais são os pensamentos que nos permeiam?
Independente de sermos profissionais – terapeutas, acompanhantes, educadores – ou pais, precisamos viver, e saber o que é possível a cada um de nós. Uns vão mais longe com esta história, e outros param por aqui. Cada um faz suas escolhas, cada um, espero eu, que saiba de seus limites, e que a partir daqui, faça o justo e o necessário a cada cena que se aproxima e se constrói a partir da vivência e da experiência de si e do outro.
Barbara Cristina MelloTerapeuta Ocupacional
Referência bibliográfica:SILVA, Reinaldo José Gomes da. O deficiente mental, esse ser desejante. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo. São Paulo: vol.1, nº1, agosto/1990.
...................................................................................................................................................................
São Paulo, 30 de julho de 2008
BLOG DO FÁBIO ADIRON
de 30/07/2008
Nenhum comentário:
Postar um comentário