por Camyla Cruz Ribeiro
Terapeuta Ocupacional e discente do curso de Síndrome de Down do Centro de Estudos e Pesquisas Clínicas de São Paulo
camyla_to@hotmail.com
Resumo apresentado originalmente no VII Congresso Internacional de Saúde da Criança e do Adolescente, entre 19 e 22 de maio de 2016, Vitoria - Espírito Santo - Brasil.
Para baixar o artigo original, clique aqui.
Para acessar os ANAIS do Congresso, clique aqui.
Palavras-chave: Síndrome de Down, Terapia Ocupacional e disfunção sensorial.
Introdução:
A infância é a fase mais importante para todos os indivíduos, proporciona através de novas experiências, a base para um ser socialmente aceito, motoramente efetivo em suas ações e psicologicamente estável. Nosso corpo é programado para receber cada novo acontecimento, e as experiências são absorvidas e transformadas em conexões sinápticas, que por sua vez amplia a rede neural - facilitadora do processo do desenvolvimento humano. Sabe-se que as pessoas com Síndrome de Down apresentam alterações no sistema nervoso central, ocasionando déficit no desenvolvimento neuropsicomotor. Um dos papéis da terapia ocupacional é estimular o individuo no âmbito biopsicossocial, de forma que desenvolva as funções cotidianas do sujeito, neste caso, a criança com Síndrome de Down. Os cinco sentidos do ser humano fornecem informações que são utilizados pelo cérebro e servem para organizar o comportamento e promover a aprendizagem. Sendo assim, o terapeuta ocupacional auxiliará a criança com Síndrome de Down a se reconhecer quanto indivíduo, manter ou desenvolver habilidades gerais.
Objetivo:
Pesquisar o impacto que o aspecto sensorial ocasiona a pessoa com Síndrome de Down em conjunto do papel interventivo do terapeuta ocupacional.
Método:
Revisão bibliográfica realizada na base de dados Scielo (Scientific Electronic Library Online), Medline, Lilacs e sites relacionados à área. Os critérios utilizados para a inclusão de artigos foram publicações de 2011 à 2016, descritos em português ou inglês.
Resultados:
Havendo o olhar para um sujeito autônomo e independente, é de caráter fundamental estimular a propriocepção tátil da criança com Síndrome de Down, uma vez que, frente às características da mesma o aspecto da recepção do toque caminha para uma desordem sensorial, principalmente de dor e de calor. O Terapeuta Ocupacional deve apresentar, manter ou re-significar as questões sensoriais táteis, levando em considerações o limite da criança. É de suma importância que este profissional (re) avalie minuciosamente e conscientize a família sobre a realidade do atendido, ou seja, as implicações da desordem e como auxiliar. Afirma-se que a desordem sensorial, torna-se um campo para a instalação do Atraso do Desenvolvimento Neuropsicomotor, isto é, dificuldade de executar a posição ortostática, a preensão palmar, exploração do ambiente e de objetos - o que interfere diretamente no brincar- do reconhecimento corporal e podendo também interferir negativamente na socialização.
Conclusão:
Fica claro que quanto mais aptidões, expande-se a rede sináptica, aumento da exploração de outras possibilidades, avançando para a execução de tarefas, seja ela rotineira ou esporádica. A estimulação precoce deve ter o enfoque no estímulo sensorial tátil, através do terapeuta ocupacional. Logo, será auxiliado para melhor intervenção das demais áreas, tal como fisioterapia, dando base neuropsicomotora ao individuo e proporcionando desenvolver habilidades para que seja socialmente aceito como pessoa que executa suas tarefas rotineiras com desejos e conceitos.
Terapia Ocupacional e Inclusão Social
Este é um espaço criado por Celina Bartalotti e Barbara Cristina Mello, desde 2008, e está sendo retomado e repaginado, para a ampliação de discussões, inquietações, divulgação e construção de uma terapia ocupacional que busca, a cada dia, compreender e disponibilizar ações possíveis na área da deficiência intelectual, alterações no desenvolvimento infantil e inclusão social.
7 de jun. de 2016
30 de mai. de 2016
Você sabe o que é a Terapia Ocupacional?
Quem é você? O que você faz?
Compartilhamos com vocês um belo texto de Junia Cordeiro e Patrícia Barroso sobre a Terapia Ocupacional, produzido e publicado em 01/07/2012 no Ateliê397.
https://atelie397.com/quem-e-voce-o-que-voce-faz/
Sobre a semana da Luta Antimanicomial: uma conversa necessária
Compartilhamos um belíssimo texto publicado na Revista Cult, em 18/maio/2016.
Escrito por José Alberto Roza Júnior, psicólogo, doutorando em Psicologia na Universidade de São Paulo (USP), professor nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e coordenador da Residência Terapêutica de Perdizes.
Os loucos na cidade: o que muitos olhos não querem ver
http://revistacult.uol.com.br/home/2016/05/os-loucos-na-cidade-o-que-muitos-olhos-nao-querem-ver/
Escrito por José Alberto Roza Júnior, psicólogo, doutorando em Psicologia na Universidade de São Paulo (USP), professor nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e coordenador da Residência Terapêutica de Perdizes.
Os loucos na cidade: o que muitos olhos não querem ver
"A história da loucura remonta há séculos, já foi vista
como uma dádiva, escória, improdução que desaquecia o mercado de trabalho até
ser confinada nos muros dos manicômio"
http://revistacult.uol.com.br/home/2016/05/os-loucos-na-cidade-o-que-muitos-olhos-nao-querem-ver/
25 de mai. de 2016
PRODUÇÕES DE UMA TERAPIA OCUPACIONAL CONTEMPORÂNEA
Texto originalmente publicado em jan/2009 no Blog da Flavia Liberman
Barbara Cristina Mello
Terapeuta Ocupacional
Janeiro/2009
Em tempos onde as produções do
fazer na terapia ocupacional apresentam-se cada vez mais dinâmicos e
inventivos, cabe-nos a abertura dos campos de criação e interlocução entre o
novo e o antigo.
É importante destacar que as
bases da terapia ocupacional, mesmo tendo sido organizadas e instauradas em uma
outra época, ainda sim demonstra-se capaz de permitir ser re-pensada,
re-inventada e restaurada a cada momento, devido ao dinamismo de nossa
profissão.
Desta forma, sempre haverá coisas
que iremos concordar e de certa forma será investido por cada um de nós, e
também aqueles aspectos que não nos afeta, e serão colocadas em reserva deste
cotidiano vivido. Porém, a diversidade do saber, do fazer e das interlocuções é
que constituem a contemporaneidade da terapia ocupacional e do terapeuta
ocupacional.
As tessituras deste fazer vão se
compondo junto à prática desta clínica diversificada, que necessita e se faz de
bons engendramentos, apropriação de territórios, criação de redes,
fundamentação teórica, ampliação de leituras das relações e do ser humano e das intensidades dos
encontros e desencontros que acontecem no setting terapêutico.
Devemos estar atentos às
dinâmicas que vão se estabelecendo neste jogo de potências e nos ciclos que
acontecem em tudo aquilo que é vivo. O cotidiano que se estabelece faz do tempo
um grande aliado que se encarrega deste processo, montando e re-montando a
orquestra de intimidades da vida, dos diferentes fazeres, dos desejos, das
experiências e vivências, dos afetos, dos encontros e relações na clínica da
terapia ocupacional.
Neste jogo de contatos com o
outro, a partir da ótica da diversidade humana, nos possibilita grandes improvisações,
desde que saibamos que a improvisação aqui é vista como potente caminho de
criação de uma clínica da terapia ocupacional e não como disparador de atos
infundados, descontextualizados ou sem sentido.
E esta clínica que acolhe a
improvisação em seu cotidiano torna-se potente e oferece ao terapeuta e sua
clientela novos jeitos de fazer e viver que atravessados por estes diferentes
fluxos, se faz e re-faz em seu dia a dia.
Sugestões de leitura:
- CASTRO, Eliane Dias. Relação
Terapeuta-Paciente. In CAVALCANTI, Alessandra; GALVÃO, Cláudia. Terapia Ocupacional: fundamentação &
prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
- LIBERMAN, Flavia. Delicadas coreografias: instantâneos de uma
terapia ocupacional. São Paulo: Summus Editorial, 2008.
- LIMA, Elizabeth M. F. Araújo.
Desejando a Diferença. Revista de
Terapia Ocupacional da USP. São Paulo, vol. 14, nº 1, 2003.
24 de mai. de 2016
REATIVANDO CONEXÕES: O BLOG TERAPIA OCUPACIONAL E INCLUSÃO SOCIAL VOLTOU!
É com imenso prazer que podemos dizer que o Blog Terapia Ocupacional e Inclusão Social está de volta!
Sim!!! Muito tempo passou, muitas coisas aconteceram, e nós também recebemos novos desafios ao longo deste período e agora voltamos no pique total.
O Blog está repaginado, temos outras e novas inquietações, assim como também sobre nossa atuação nos diferentes campos foram se reconfigurando a partir de novas vivências, e voltaremos a conversar sobre tudo o que se passa por aqui em nossas pesquisas, atuações e longas discussões!
Contaremos com a participação de Terapeutas Ocupacionais, Psicólogos, Pedagogos, Fonoaudiólogos e diversos profissionais que possam contribuir com estas discussões, e obviamente com vocês, nossos leitores e seguidores!
Agora também temos uma página no Facebook, portanto, quando tivermos novidades, todos saberão por lá! Acessem e curtam: www.facebook.com/toeinclusao
Sejam bem vindos!
Vamos conversar sobre Terapia Ocupacional, Inclusão Social e Deficiência!!!
Abraços carinhosos,
Barbara Cristina Mello
Celina Camargo Bartalotti
24/05/2016
Sim!!! Muito tempo passou, muitas coisas aconteceram, e nós também recebemos novos desafios ao longo deste período e agora voltamos no pique total.
O Blog está repaginado, temos outras e novas inquietações, assim como também sobre nossa atuação nos diferentes campos foram se reconfigurando a partir de novas vivências, e voltaremos a conversar sobre tudo o que se passa por aqui em nossas pesquisas, atuações e longas discussões!
Contaremos com a participação de Terapeutas Ocupacionais, Psicólogos, Pedagogos, Fonoaudiólogos e diversos profissionais que possam contribuir com estas discussões, e obviamente com vocês, nossos leitores e seguidores!
Agora também temos uma página no Facebook, portanto, quando tivermos novidades, todos saberão por lá! Acessem e curtam: www.facebook.com/toeinclusao
Sejam bem vindos!
Vamos conversar sobre Terapia Ocupacional, Inclusão Social e Deficiência!!!
Abraços carinhosos,
Barbara Cristina Mello
Celina Camargo Bartalotti
24/05/2016
16 de abr. de 2010
INCLUSÃO SOCIAL E MULTICULTURALISMO
Celina Camargo Bartalotti
Celina Camargo Bartalotti
Inclusão social tem sido um dos temas mais recorrentes na atualidade. Seja no âmbito do trabalho, da escola, do lazer, discute-se o princípio de que é importante garantir que todas as pessoas possam desfrutar dessa condição tão desejada – a de incluídos. Mas será que se tem clareza do que isso significa realmente? Afinal que princípios norteiam esse objetivo tão nobre?
Falar em inclusão social é, principalmente, falar em sociedade para todos; e “todos” é uma palavra que não admite exceção: “todos” significa TODOS mesmo. Já começamos a entender porque tanto se fala em incluir e porque isso, às vezes, parece muito difícil, senão utópico.
Vivemos em uma sociedade acostumada a classificar as pessoas por etnia [1], credo, origem, condições sócio-econômicas, condições físicas ou psíquicas; mais do que isso, acostumada a atribuir diferentes valores às pessoas enquadradas em cada uma dessas categorias. E valores negativos atribuídos a determinadas categorias geram exclusão social, ou seja, geram movimentos de afastamento, de rejeição, de recusa de oportunidades, de eliminação – excluir nada mais é do que tentar eliminar, senão da vida, pelo menos da convivência. Incluir é, portanto, o contrário disso – é aproximar, é conviver com igualdade de direitos e oportunidades.
E como esse tema se relaciona à questão do multiculturalismo? Segundo o dicionário Michaelis[2], multiculturalismo se define como a prática de acomodar qualquer número de culturas distintas, numa única sociedade, sem preconceito ou discriminação. Paulo Freire, no seu livro “Educação como Prática da Liberdade [3]” afirma que o multiculturalismo não se constitui em uma justaposição de culturas, mas na liberdade conquistada de convívio e respeito a cada cultura, o que só é possível quando diferentes culturas crescem juntas e não em constante tensão. E isso, ressalta Paulo Freire, não é algo natural ou espontâneo, mas fruto de uma ação que implica decisão, vontade política, mobilização, organização de cada grupo cultural com vistas a fins comuns. Assim, falar de multiculturalismo é ir além da constatação de que existem várias culturas convivendo no mesmo espaço ou tempo histórico, mas entender que essa convivência implica em respeito, igualdade de oportunidades, trocas sociais, ou seja, implica em verdadeira inclusão social.
Bem, já definimos inclusão como o movimento de construção da sociedade para todos, e multiculturalismo como a possibilidade de convivência e expressão de diversas culturas em uma sociedade, sem discriminação ou preconceito. Falta pensar nos mecanismos que possam promover essa situação – temos que falar aqui em mecanismos relacionados às políticas públicas e aqueles relacionados à convivência entre as pessoas.
É preciso que sejam desenvolvidas políticas públicas que garantam a efetiva participação social e, ao mesmo tempo, o legítimo direito de viver de acordo com sua cultura em um meio marcado pela diversidade. Cabe ao poder público definir políticas de eliminação de barreiras, sejam elas lingüísticas, religiosas, de costumes, de tal forma que cada cidadão tenha possibilidade de viver plenamente.No que se refere à convivência entre as pessoas, isso já é uma ação mais ligada aos nossos movimentos de aproximação ou afastamento em relação a aqueles que considero diferentes de mim e, por isso, menos valorosos, ou perigosos. Falamos aqui do que se convencionou chamar de barreiras atitudinais, ou seja, aquelas barreiras invisíveis que levantamos entre nós e os outros – essas devem ser derrubadas por cada um em seu dia-a-dia.
[1] Etnia é o conceito utilizado em substituição ao conceito de raça. Entre os homens, raça existe apenas uma, a Humana.
[2] http://michaelis.uol.com.br/
[3] FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 21 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992
30 de jul. de 2009
A INCLUSÃO SOCIAL DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA:
REFLETINDO SOBRE O “SER CRIANÇA” NA CONDIÇÃO DA DEFICIÊNCIA
Por Celina Camargo Bartalotti
A análise do “ser criança” na condição de deficiência envolve compreender dois aspectos: a concepção de criança e a concepção de deficiência. Vivemos em uma sociedade que vê a criança como um “vir-a-ser”, como um indivíduo em formação que se prepara para ser algo que ainda não é. O presente da criança, então, mostra-se como possibilidade, como uma base para o que ela será no futuro. E quando pensamos na criança com deficiência? Como se dá o olhar sobre essa criança que foge ao padrão esperado, ao desejado; uma criança que contraria, em primeira instância, o sonho, em uma sociedade marcada pela busca de uma perfeição, tantas vezes inatingível?
Essas são as questões que nortearam o arquivo que disponibilizamos aqui, apresentado no IV Congresso Brasileiro de Reabilitação, em junho de 2009.
Por Celina Camargo Bartalotti
A análise do “ser criança” na condição de deficiência envolve compreender dois aspectos: a concepção de criança e a concepção de deficiência. Vivemos em uma sociedade que vê a criança como um “vir-a-ser”, como um indivíduo em formação que se prepara para ser algo que ainda não é. O presente da criança, então, mostra-se como possibilidade, como uma base para o que ela será no futuro. E quando pensamos na criança com deficiência? Como se dá o olhar sobre essa criança que foge ao padrão esperado, ao desejado; uma criança que contraria, em primeira instância, o sonho, em uma sociedade marcada pela busca de uma perfeição, tantas vezes inatingível?
Essas são as questões que nortearam o arquivo que disponibilizamos aqui, apresentado no IV Congresso Brasileiro de Reabilitação, em junho de 2009.
3 de jun. de 2009
QUEM TEM O DIREITO DE ESTAR NA BALADA?
Da BBC Brasil: Discoteca na Espanha tem noite exclusiva para deficientes
Domingo é dia de matinê especial em Barcelona. Uma das discotecas mais badaladas da cidade espanhola reserva a noite para que portadores de deficiências mentais possam dançar e paquerar livremente. (...) A matinê especial funciona há um ano e foi criada pela Fundação Ludalia, que auxilia portadores de deficiências mentais. A festa, que começa às 17h30 e termina às 21h, é exclusiva para pessoas entre 18 e 45 anos com Síndrome de Down, paralisia cerebral e outras deficiências.
Mãe de um portador de deficiência mental, a diretora da fundação, Consól Ferrer, afirma que o projeto nasceu por causa da falta de alternativas de lazer para estas pessoas. Segundo ela, alguns lugares "tratam os deficientes de maneira infantil". A ideia da matinê especial surgiu em 2001. A primeira tentativa, no entanto, fracassou quando os organizadores tentaram criar uma noite de integração entre deficientes e pessoas sem deficiências. "Foi um desastre. Ali ficou claro que eles precisavam de um espaço próprio. Eles têm a mesma vontade de dançar, se divertir, estar com amigos e paquerar, como qualquer outro jovem", afirmou à BBC Brasil a monitora Ruth Ruiz. A diretora da Fundação Ludalia também afirma que a experiência fez com que eles decidissem criar uma noite exclusiva para os jovens deficientes. "Sei que parece uma contradição, fazer uma noite exclusiva quando pedimos integração. Mas, misturar jovens deficientes com os que não são para que façam amigos e arranjem namorados, não é um objetivo realista", afirma.
Reportagem completa em:
http://musica.uol.com.br/ultnot/bbc/2009/05/22/ult2628u574.jhtm
Pois é, logo teremos baladas para obesos (afinal, eles podem se sentir intimidados entre magros...); baladas para muito altos, ou muito baixos...
Por que será que a tentativa da “balada inclusiva” fracassou? Será porque os “sem deficiência” ficaram incomodados com a presença dos diferentes? Não se sabe, isso a reportagem não conta.
Diz a diretora da Fundação (e mãe...): “misturar jovens deficientes com os que não são para que façam amigos não é um objetivo realista”...
Aparentemente jovens “deficientes” (SIC) só podem ser amigos de outros jovens “deficientes” e de preferência com o mesmo tipo de deficiência – observem que a tal balada era apenas para pessoas com deficiência intelectual.
O pior preconceito é aquele que se esconde atrás do discurso da beneficência e da proteção: não queremos que eles se sintam rejeitados no mundo cruel, assim vamos criar mundinhos só para eles, pois entre os iguais ninguém perceberá que sua presença, na verdade, é um inconveniente.
É, temos ainda muito o que caminhar para poder, um dia, falar em sociedade realmente inclusiva...
Pois é, logo teremos baladas para obesos (afinal, eles podem se sentir intimidados entre magros...); baladas para muito altos, ou muito baixos...
Por que será que a tentativa da “balada inclusiva” fracassou? Será porque os “sem deficiência” ficaram incomodados com a presença dos diferentes? Não se sabe, isso a reportagem não conta.
Diz a diretora da Fundação (e mãe...): “misturar jovens deficientes com os que não são para que façam amigos não é um objetivo realista”...
Aparentemente jovens “deficientes” (SIC) só podem ser amigos de outros jovens “deficientes” e de preferência com o mesmo tipo de deficiência – observem que a tal balada era apenas para pessoas com deficiência intelectual.
O pior preconceito é aquele que se esconde atrás do discurso da beneficência e da proteção: não queremos que eles se sintam rejeitados no mundo cruel, assim vamos criar mundinhos só para eles, pois entre os iguais ninguém perceberá que sua presença, na verdade, é um inconveniente.
É, temos ainda muito o que caminhar para poder, um dia, falar em sociedade realmente inclusiva...
6 de mar. de 2009
sobre iguais e diferentes...
Igual-desigual
(Carlos Drummond de Andrade)
Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são
iguais.
Todos os partidos políticos
são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todas as experiências de sexo
são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais
e todos, todos
os poemas em versos livres são enfadonhamente iguais.
Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou
coisa.
Não é igual a nada.
Todo ser humano é um estranho
ímpar.
Comentando: é desse reconhecimento de que cada ser humano é impar que brota a nossa capacidade de acreditar em cada um deles como possibilidade...
24 de nov. de 2008
VÍDEO SOBRE DEFICIÊNCIA E INCLUSÃO
Entre o ser e o estar,
Entre a idéia e a concretude,
As ações do cotidiano que se perpetuam,
Inclusão, uma escolha de vida.
Barbara Cristina Mello
Terapeuta Ocupacional
Este vídeo foi produzido com a ajuda de muitas pessoas, pois queríamos que diferentes olhares pudessem compartilhar aquilo que fazemos em nosso dia a dia quando acionamos na relações do fazer e do ser.
Agradecemos especialmente a todos os fotógrafos que colaboraram com este projeto, cedendo suas imagens tão preciosas.
Obrigado a todos!
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