3 de jun. de 2009


QUEM TEM O DIREITO DE ESTAR NA BALADA?


Da BBC Brasil: Discoteca na Espanha tem noite exclusiva para deficientes


Domingo é dia de matinê especial em Barcelona. Uma das discotecas mais badaladas da cidade espanhola reserva a noite para que portadores de deficiências mentais possam dançar e paquerar livremente. (...) A matinê especial funciona há um ano e foi criada pela Fundação Ludalia, que auxilia portadores de deficiências mentais. A festa, que começa às 17h30 e termina às 21h, é exclusiva para pessoas entre 18 e 45 anos com Síndrome de Down, paralisia cerebral e outras deficiências.
Mãe de um portador de deficiência mental, a diretora da fundação, Consól Ferrer, afirma que o projeto nasceu por causa da falta de alternativas de lazer para estas pessoas. Segundo ela, alguns lugares "tratam os deficientes de maneira infantil". A ideia da matinê especial surgiu em 2001. A primeira tentativa, no entanto, fracassou quando os organizadores tentaram criar uma noite de integração entre deficientes e pessoas sem deficiências. "Foi um desastre. Ali ficou claro que eles precisavam de um espaço próprio. Eles têm a mesma vontade de dançar, se divertir, estar com amigos e paquerar, como qualquer outro jovem", afirmou à BBC Brasil a monitora Ruth Ruiz. A diretora da Fundação Ludalia também afirma que a experiência fez com que eles decidissem criar uma noite exclusiva para os jovens deficientes. "Sei que parece uma contradição, fazer uma noite exclusiva quando pedimos integração. Mas, misturar jovens deficientes com os que não são para que façam amigos e arranjem namorados, não é um objetivo realista", afirma.
Reportagem completa em:

http://musica.uol.com.br/ultnot/bbc/2009/05/22/ult2628u574.jhtm


Pois é, logo teremos baladas para obesos (afinal, eles podem se sentir intimidados entre magros...); baladas para muito altos, ou muito baixos...
Por que será que a tentativa da “balada inclusiva” fracassou? Será porque os “sem deficiência” ficaram incomodados com a presença dos diferentes? Não se sabe, isso a reportagem não conta.
Diz a diretora da Fundação (e mãe...): “misturar jovens deficientes com os que não são para que façam amigos não é um objetivo realista”...
Aparentemente jovens “deficientes” (SIC) só podem ser amigos de outros jovens “deficientes” e de preferência com o mesmo tipo de deficiência – observem que a tal balada era apenas para pessoas com deficiência intelectual.
O pior preconceito é aquele que se esconde atrás do discurso da beneficência e da proteção: não queremos que eles se sintam rejeitados no mundo cruel, assim vamos criar mundinhos só para eles, pois entre os iguais ninguém perceberá que sua presença, na verdade, é um inconveniente.
É, temos ainda muito o que caminhar para poder, um dia, falar em sociedade realmente inclusiva...

2 comentários:

Unknown disse...

Concordo "integralmente" com você, Celina.
Uma outra pergunta que não quer calar: "Será que a ideia de frequentar baladas partiu de alguém com deficiências, ou terá sido mais uma "invenção intrusiva" de alguma pessoa cheia de boas intenções?
Como minha mãe me ensinou, "de boas intenções..."

Solange D. de Oliveira disse...

Concordo,mas acredito também que os próprios interessados, que são as pessoas com alguma deficiência, devem também ser ouvidas a esse respeito. De acordo com o que foi falado, não podemos tratá-los como crianças, escolhendo por elas.
De repente, imagino, em alguns momentos gostariam de baladas apenas para eles, e, em outros, prefeririam estar integrados com as demais pessoas consideradas "normais".